quarta-feira, 21 de abril de 2010

Ciencia portuguesa

A Sandra do a minha volta chamou-me hoje a atençao para algo muito interessante, que vou roubar do blog dela e partilhar ;)

Uma equipa internacional composta por cientistas de Portugal, Brasil, Espanha e Itália identifica uma nova molécula em águas açorianas que demonstra ter propriedades farmacológicas antitumorais. Designada por tambjamina K, a nova molécula, da família das tambjaminas que pertencem ao grupo dos alcalóides, foi identificada numa amostra de moluscos nudibrânquios da espécie Tambja ceutae e do alimento deste invertebrado, colhida no Porto da Ilha da Horta, no Arquipélago dos Açores. "Esta molécula é muito provavelmente adquirida através do alimento, o briozoário Bugula dentata, e acumulada para utilização na própria defesa do molusco, já que este molusco utiliza a substância como arma química contra os predadores", explica Gonçalo Calado, investigador do Instituto Português de Malacologia, membro da equipa de cientistas internacionais que desenvolveu o trabalho. No estudo, publicado na edição de Fevereiro de 2010 da revista Bioorganic & Medical Chemistry Letters, os cientistas indicam terem realizado análises químicas a uma amostra de quinze indíviduos Tambja ceutae e do brizoário Bugula dentata, colhida no Porto da Horta. No entanto, apesar de rara, a espécie não é exclusiva da costa açoriana. "Como o nome indica, esta espécie foi inicialmente descrita em Ceuta, existindo à volta do Estreito de Gibraltar, nas Canárias, em Cabo Verde, na Madeira e nos Açores. No entanto, é em geral uma espécie muito rara, à excepção de alguns pontos muito concretos como o Porto da Horta, na ilha do Faial, onde facilmente se localizam centenas de exemplares, devido à grande abundância do seu alimento", explica Gonçalo Calado. No estudo, os cientistas indicam que analisaram a bioactividade da substância em linhas celulares tumorais e não tumorais de mamíferos, avaliando o crescimento e viabilidade das mesmas. As linhas celulares em estudo incluíram células humanas do cancro do cólon e do útero, células de glioma e células mioblásticas cardíacas de ratos de laboratório e fibroblastos de murinos. De acordo com os cientistas "os resultados mostraram que quer a tambjamina K quer o tetrapirrole, (um metabolito relacionado com a tambjamina K) exibem actividade citotóxica notável e dependente da concentração contra células mamíferas tumorais e não tumorais". Por enquanto, os cientistas vão continuar a desenvolver testes mais específicos e começar a procurar "um parceiro interessado na indústria farmacêutica". Já em relação a futuras terapêuticas com base nesta substância, o investigador português adianta que "ainda estamos muito longe de poder responder
a esta questão". Gonçalo Calado afirma ainda que "a grande lição que podemos tirar é que Portugal tem um manancial enorme de produtos naturais marinhos inexplorados e que, certamente, muitos deles estão mesmo «à mão de semear». Não é necessário ir muito fundo nem muito longe, apenas olhar com olhos de ver e encontrar os parceiros indicados".

Correio dos Açores, 10 Abril 2010

Fabuloso, nao e? E incrivel como ainda ha tanto por explorar nos nossos oceanos. Felizmente ha pessoas com a paciencia e a determinaçao para o fazer =)

3 comentários:

  1. É mesmo fantástico acontecerem estas descobertas e existir um "dedinho" português. Muito se fala na extensão da plataforma continental portuguesa (muitos trabalhos estão em curso nesta área por variadíssimos grupos de investigação) mas habitualmente fala-se de recursos fósseis (o eterno petróleo!) e minerais. Mas esquecemo-nos, na maior parte dos casos, dos recursos vivos (e não estou a falar dos que nos fornecem alimento). Estou a falar daqueles que podem ajudar muitas a ultrapassar problemas de saúde. E é graças a estes grupos de investigação que muito ainda se vai descobrindo nestes nossos oceanos. E ainda bem! :)

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  2. E verdade, há muita oportunidade por ai. Desde que haja fundos, claro esta ;)

    Mas os recursos vivos (nao alimentares) sao realmente muitas vezes esquecidos, o que e uma pena. E muitas vezes ha que fazer ciencia pura para depois se poder aplicar a outras coisas, nomeadamente a investigaçao medica. E ha muito boa gente que se esquece disso!

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